domingo, 31 de maio de 2015

Jesus surpreende!

QUEM É ESTE JESUS? (3)
            Ao se afirmar que Jesus é o grande mestre da humanidade, muitas vezes se passa a idéia de que é alguém muito esperto. Pode até ser. Mas é bom verificar o que se entende por “esperto”. Se for no sentido de saber levar vantagem, com certeza não pode ser aplicado a ele. Ele, na verdade, como já vimos em outras coisas, surpreende por não ser esperto ou politiqueiro, manipulador ou enrolador. Ele deixa as coisas claras e diz a verdade; doa a quem doer. Mesmo se isso lhe custa a popularidade ou a fama.

Jesus não sabe atrair discípulos!
            Jesus não sabe atrair discípulos. Mas como, se ele é o Mestre? De fato, ele é o Mestre, mas sua maestria deixa claro que o discípulo deve saber das coisas e optar livremente no seguimento dele, na condição de discípulo. Ele, na verdade, não atrai ninguém prometendo sucesso e prosperidade como recompensa. Não esconde que o convertido, ou seu seguidor, necessita negar-se a si mesmo e tomar sobre si a cruz. E ainda mais, diz que o discípulo não é maior que o mestre. Por ser mestre que toma o caminho de Jerusalém; o caminho da rejeição, da perseguição e da condenação e da cruz.
            Foi surpresa para aqueles pobres de seu tempo; surpresa ainda maior para nós hoje. Se os desvalidos do tempo de Jesus esperavam um pouco de importância junto ao homem de Nazaré, muito mais o homem de hoje sonha com riquezas, poder e prazer em reconhecimento de sua fé. Jesus que fala desse jeito, como, aliás, sempre foi proclamado pelo evangelho, desnorteia a muitos. Ele atrai os pobres quando se faz presente a eles sendo um com eles. Porém, quando insiste em mostrar que estar com os pobres suscita incompreensão e perseguição, os próprios pobres se escandalizam. Eles sonham com outra realidade. Aquele pregador ambulante, no entanto, deixa claro que não se pode estar com os que sofrem e buscar o bem dos últimos, sem provocar a rejeição e a hostilidade daqueles aos quais não interessa nenhuma mudança. É impossível esta com os crucificados e não ver-se um dia crucificado.

Convoca para um projeto maior
            Jesus surpreende por não resolver os problemas imediatos de seus seguidores. Mais, por alertá-los dos entraves que irão encontrar. Mas mesmo assim, os convoca para um projeto maior. Ele quer que o ajudem a combater todo tipo de mal que aflige a humanidade. Se isso custar, a questão é outra: confiança em Deus, que o bem vai vencer as investidas do mal. A Igreja, desde o início, se escandalizou com a idéia do Cristo sofredor – do Cristo que convida a carregar a cruz -, a reação de Pedro o mostra. Contudo, o Reino de Deus é isto: colocar-se a serviço de um mundo mais humano. A cruz é apenas o sofrimento que nos virá como conseqüência de assumir o compromisso do Reino. O destino doloroso que teremos de compartilhar com Cristo, se seguirmos realmente seus passos. Não se deve confundir o “carregar a cruz” com posturas doentias de buscar falsas mortificações.
            Portanto, Jesus surpreende por não saber atrair discípulos com palavras bonitas e promessas alvissareiras; surpreende mais ainda por contar com os que lhe dão assentimento para um projeto bem maior: colaborar com a implantação do Reino de Deus, ajudando a combater toda forma de mal, suas conseqüências e pecados. Mesmo que isto custe a própria vida, pois, quem perde a sua vida pela causa do Reino encontrará a verdadeira Vida.
            Este é Jesus – mais uma surpresa para nós.
Pe. Mário F. Glaab

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sábado, 16 de maio de 2015

Hunsrickisch Spessje

DER SCHLAUE VERKOAFE UM DAT GEITZICHE WEIB.

In unsa Pikot hon doch die Leit all dat Weib wo so geitzich wo gekent, dat wo Rosa gehees hot. Jeder soat imma vom dem Weib griet keine etwas; sie gebbt nicks un kaaft aach nicks. Alsemol is so’n Verkoafe in die Gegent kum. Der hot so Allehand in sei Koffe gehot un wo aach orich schlau. Er hat sich voagenomm Jeder was verkoafe, aach der Rosa.
En scheene Toach kumt er in das Pikot. Klopt bei dem Weib an un hot aach schun gleich auspossiert: “Eich hon vun Alles, sowie Nodle, Beschte, Zwenn, Kemscha, Spiechelcha un so weita. Ihja wird doch sicha waus brauche!” Die alt Rosa hat awa schun gleich geprumt: “Nee. Das hon eich alles, un eich brauch gonicks. Geh nochmol fot!” Dat woa awa doch noch net genuch fa de Verkoafe, er hat gans in Friede erkleart: “Liebe Frau, wenn ihr Alles hat, dann rote eich dass sie en Gebetbuch koafe fa Gott se danke das ihne Alles so gut geht, un nicks fehlt. Guck mol do, das kost blos hunnet Reals!”
Was dann passiert is das weis eich net, awe vieleicht hat der schlaue Verkoafe doch mol dem geitziche Weib an’s Hetz gegriff. Die lei hon jo all en Hetz, ma muss blos wisse wie man drohn komme kann.
Gloabmário

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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Outra surpresa de Jesus de Nazaré.

QUEM É ESTE JESUS?! (2)

            Apontamos uma primeira surpresa em Jesus, conforme os evangelhos. Surpresa para quem sempre esteve acostumado com um Jesus que resolve todos os problemas das pessoas que o buscam. Um Jesus diferente daquele que é conhecido como o Cristo Rei, aquele que manda e desmanda; que separa os bons dos maus, e coloca tudo no seu devido lugar. Mais ainda, aquele que está pronto para castigar os maus, os pecadores e todos aqueles que não rezam direitinho.
            A primeira surpresa era a de que Jesus não tem boa memória! Explico: quando perdoa os pecadores, ele se esquece dos pecados. Isso, dizíamos, vai contra as regras da prudência, da malícia e da esperteza. Como ele pode escolhe indivíduos que erraram em coisas sérias para fazer parte de seu grupo? Mas Jesus surpreende a todos com suas palavras e, principalmente, com suas atitudes. Ele perdoa, esquece e confia.
           
Outra surpresa
            Aprendemos desde crianças que Jesus chamou os seus discípulos, instruiu-os, deu-lhes o Espírito Santo, e mandou-os para evangelizar o mundo todo. E assim, ele fundou a Igreja. Esta por sua vez, para poder dar conta do recado, precisa estar muito bem organizada com sua hierarquia, doutrina, moral, e, como suporte para tudo isso, com uma administração financeira competente. O dinheiro pode ser considerado “esterco do diabo”, mas é importante e necessário para que a máquina funcione. Esta é a concepção que a maioria dos cristãos tem e que nem questionam. É tranqüilo.
            Jesus, no entanto, surpreende! Ele não é bom administrador: por incrível que pode parecer para um competente administrador, Jesus paga o mesmo salário a quem trabalha uma hora apenas e a quem passa suando o dia inteiro! E, pior ainda, dá prioridade a quem pouco trabalhou; dá-lhe o que de fato não mereceu. Seu critério é outro, não se orienta pela produção, mas pela necessidade.
            Certamente ninguém toleraria em sua empresa, em sua paróquia, ou em qualquer outra atividade uma atitude assim. Pagar a quem não trabalhou, e mais, a quem não produziu lucros, isso é no mínimo, não ter visão das coisas.
            Jesus, no entanto, o faz. Ele não está preocupado em acumular cada vez mais. Ele, na sua confiança sem limites no Pai, ao distribuir entre todos os bens que os pobres colocam ao seu dispor, ensina que Deus fez tudo para todos. Deus é o Pai generoso que ama gratuitamente e quer que todos tenham acesso aos bens que colocou sobre o mundo. Isso se liga à primeira surpresa: perdoa os pecados e deles se esquece.

O nosso grande pecado
            Diante dessa surpresa devemos nos questionar sobre o perigo da ganância. Não é difícil entender que sob a desculpa de sermos previdentes escondemos o grande pecado da ganância. Jesus, ao ver a multidão faminta, não tem dúvida: é preciso fazer alguma coisa para eles. Assim era Jesus.
            E Jesus, muito ingenuamente, manda que os discípulos dêem pão aos famintos. Mas quem eram os discípulos? Todos pobres! Todavia, Jesus sabia muito bem que era preciso fazer algo mais, pois os que têm dinheiro nunca irão resolver o problema da fome no mundo. Jesus ajuda essa gente a entender que é preciso encontrar outra saída. Quando alguém passa fome não é certo guardar para si, mesmo que o pão seja seu e pouco! Lembra Deus, e mostra que é impossível crer que ele é Pai de todos, se ao mesmo tempo se deixa os irmãos e irmãs famintos sem se preocupar com eles. O alimento que o Pai dá, ele o dá para ser compartilhado entre todos. Esquecer isso é o nosso maior pecado.
            E mais: nós que nos orgulhamos por ter ao nosso dispor a Eucaristia – Pão do céu, alimento dos fortes -, mas não sabemos partilhar o alimento dos fracos, somos os mais dignos de compaixão. Nessa questão os primeiros cristãos nos dão testemunho valioso. Eles, ao compartilhar a Eucaristia, sentiam-se alimentados por Cristo ressuscitado, porém ao mesmo tempo lembravam o gesto de Jesus ao dar de comer às multidões e repartiam seus bens com os mais necessitados. Sentiam-se irmãos.
            Em nossa preocupação legalista perturba-nos alguma deficiência no rito das celebrações – se o celebrante pronunciou as palavras direito; se a hóstia deve ser recebida na mão ou na boca, de pé ou de joelhos; mas por outro lado, preocupa-nos bem menos saber se a celebração é sinal de verdadeira fraternidade, nem impulso para buscá-la.
            Deixemo-nos surpreender por Jesus, sempre de novo. Caso ainda não tomamos consciência da implicação que o Evangelho e a Eucaristia têm no relacionamento com os necessitados de todos os tipos, tenhamos coragem para crer que Jesus propõe um novo caminho, outra solução. Ele é o enviado do Pai para alimentar o povo faminto, mas ele nos convida também a trazer o que cada um pode ter na sua pobreza para alimentar-nos a todos.
Pe. Mário Fernando Glaab

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